domingo, 25 de julho de 2010

Aquarelável



" E as borboletas do que fui pousam demais por entre as flores do asfalto que tu vais..."
(Belchior)
"Dentro do peito esse fruto apodrecendo a cada dentada..."
(Jards Macalé/ Duda)

Ai que o tempo corre pintando seu manto colorido no vento. Ai que tudo é muito pouco e nada basta, nada sacia, nada adianta. Sem culpa, nem vela. Cantaremos canções com palavras trocadas porque tudo é muito dúbio e disso não foge o amor. Há de se ter respeito às risadas lançadas no ar. Vamos beber as possibilidades que escorrem da madrugada. Olha a vida com seu vestido esvoaçante dançando na esquina enquanto o sol atravessa os prédios. O mar escancarado para o azul lê minha mão. Deixa eu te aprender, deixa eu te esquecer. Vamos saltar o finito como um pula-corda, uma amarelinha e decalcaremos o infinito. Vamos fazer coisas úteis como biscoitos de manteiga, bolhas de sabão, cosquinhas. Um passarinho me contou que tudo que é sólido desmancha no ar.

Nenhum comentário: