sábado, 30 de outubro de 2010


Na imensidão
amores vãos.

O que era doce
jabuticabou-se.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Bio-Grafia


Ao contrário do que supunha a morfologia
as palavras possuem estranhas fixações
como morar no assobio
que é a voz do vento.
Outras querem se converter em silêncio
e vagam pelas madrugadas.
Tem palavra
que quer mendigar na boca dos pedintes
se estrebuchar no canto dos bêbados
se derramar nas risadas das putas.

Palavras já nascem vencidas.
Apreciam a vulgaridade
a saliva
o sotaque.
Palavras são da mais baixa estirpe.
Do mais reluzente brilho
do mais fino corte.
As palavras querem comer
o oco das entrelinhas.

Confissão


Passou 6 meses cerrada num convento.
Arranhava o silêncio das orações mastigadas.
A boca seca de palavras
estudava o cinza dos muros,
se consumia entre velas e insônias.
Ave Maria Silenciada.

Os dias se arrastavam
por entre memórias
forjadas em ferro.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Legião de cachorros
sem-dono

pé duro
punho firme.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Namoro


Enfeito seus cabelos
com a flor mais bonita da praça
compro pipoca com coco e manteiga
fala das das matizes da tarde
te silencio com dureza de árvore.
Hai Cai Caymmi:
Carurú
Vatapá
Com pimenta.

A pimenteira descansa suas ardências
na sombra do poste.

O amor cabulou
todas as aulas de etiqueta
pra chupar manga
até entrar fiapo no dente.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Bala Sortida


Achava que gente
era que nem bala sortida
mas Maria fazia brigadeiro triste
quase não saía,
não tinha namorado,
sempre nervosa.
Domingo gostava de tomar coca-cola
e passar cenoura com iogurte no cabelo.

Como tardei a entender
a angústia que dormia no quarto dos fundos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010




Quero enxergar
até onde o riso não alcança.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010




Desejo.
Esse desacerto
perfeito.