Era uma vez o que não era ...Era uma vez às vezes...Era outra vez o que não se via...Era de uma vez ...Era sem vez...Era e não era...
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Mon Cher - 1845
Escreva na demora das horas
nas inclinações do dia
nas derivações da tarde.
Escreva sem linha reta nem honra
segurando seu porta-estandarte
resvalando agonia torta.
Escreva com dignidade
sobre palavras desvalidas
meretrizes da montanha
(putas tristes em carmim).
Escreva delicadezas insignificantes
o piscar de olhos da borboleta
a insensatez do vento
o tédio das pedras.
Escreva sem perceber
que a vida dura escorre pelas coxas
e versa pelas pernas.
Escreva sem caráter
para que uma dor qualquer
venha lhe dar credibilidade, mon cher.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Passa-Temp(ão)
Foi Inácio quem disse:
o Tempo é um monte de tempinho e de tempão.
Os homens o carregam no pulso,
e as mulheres na menstruação.
O Tempo dorme no relento
Senhor do sim e do não.
Déjà vu do que viria
assovio de trovão.
O furo no tempo soprou
aquele samba-canção
Um avião para Itabuna
chamado consolação.
A boca do Tempo tem fome
e devora até frustração.
A angústia do Tempo não cabe
em poesia, prosa ou ficção.
O Tempo fundiu-se
no oco da cabaça.
O Tempo findou-se
no infinito da hora parada.
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