quarta-feira, 21 de abril de 2010

Acabou Chorare



Todas as manhãs ele bica meus sonhos
cedo, muito cedo
estica meu riso feito lençol no varal
Traz no peito o sol
pousa-se na minha janela
E agora vive a incendiar meus dias.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ao léu


Todos os dias ficava na mesma esquina. O mesmo olhar parado procurando as estrelas que o céu nublado escondia. Dentre os dedos gelados parecia fumar eternamente o mesmo cigarro. Se o silêncio é abismo e palavras são navalhas, lançava-se em queda-livre com tímida coragem.
Mergulhado na dor se protegia dela.

Arqueologia do Toque


I
Uma noite despretenciosa
nem longa, nem curta.
Exata.
Na justa medida dos seus braços.
E daqueles beijos de alambique.
Eu já nem morria de medo
dos seus olhos miúdos de pássaro invocado.
Eu sorria
enquanto você me tocava sem as mãos
enquanto dançávamos sem chão.

II
Apreendi a eroticidade
De naufragar em fragmentos de assobios e canções.

III
Beijos efêmeros que se ardem de não esperar:
A eternidade é o Tempo a rir-se de nós.

IV
A minha boca muito cansada de esperar
Quer cantar suas canções
Recitar seus versos
E comer suas poesias.