segunda-feira, 17 de maio de 2010

Eterna Brincadeira


Meu pai, eu andei pensando que quando eu morrer eu posso jogar gude com a morte. Posso subir no pé-de-feijão do João e se quando chegar lá em cima o gigante me atormentar, eu salto em doce queda-livre sem sombrinha e ainda por cima contando os passarinhos do ar. Talvez eu voe. Posso comer algodão doce e virar cotonete. Vou nadar no fundo do mar sem roupa de mergulho e escovar os dentes do tubarão. Ao invés de dormir vou ficar decalcando as estrelas e vou poder assistir infinitamente as manhãs. Talvez eu invente cores que tenham sons. Posso ser mágico e enfiar minha cabeça na boca do leão. Vou fazer uma gangue de almas penadas pra assombrar meus primos que me batem. Vou atravessar descalço o deserto de areia quente, melhor, vou correr até o japão sem cansar, rolar na neve sem casaco. Vou mastigar as flores mais exóticas do mundo e fazer um jardim na minha barriga.
Meu pai, eu andei pensando...
o corpo não é uma prisão?

Um comentário:

Anônimo disse...

Deixa eu ser criança nesse mundo também.