terça-feira, 15 de maio de 2007

A Insustentável Leveza do Ser


Minha menina, o dia está tão claro e lúcido. Os varais coloridos no quintal e o cheiro da manhã me lembram algo que não vivi. Você fica belamente ingênua com esse vestido florido, você é linda de qualquer jeito. Deixe-me cantar uma canção. Sabia que a música é feita de silêncio?

Andei pensando em filhos. Que tal 12? A gente se esforça para que saiam 6 meninos e 6 meninas, para que no São João façamos quadrilha ao redor de uma imensa fogueira. Porque ri?? Acha que apenas as mulheres querem ter filhos? Venha cà. Vamos tomar banho? Estou com vontade de beijar todos os dedinhos de seu pé. Nunca aprendi a andar a cavalo. O que lhe aflige se estou aqui? Podemos dançar tango até o amanhecer.

Minha querida, o tempo passa tão depressa...logo irá a levar tônus do seu corpo jovem mas jamais o brilhante de seus olhos. O que eu não faço por você? O que você quer que eu faça? Pode rir, eu digo e você não acredita. Pode rir porque amo seu sorriso.

Oh, minha vida! Espalhe flores pela casa. Solte seus cabelos. Tire sua roupa para mim e me encare com seus seios sérios. Deixe a porta aberta, meu bem, para que a revoada de pássaros possa voar entre os espaços sem fim.

*A Insustentàvel Leveza do Ser (The Unbearable Lightness of Being) é um livro publicado em 1984 por Milan Kundera, foi adaptado ao cinema pelo diretor Philip kaufman.




Um comentário:

Anônimo disse...

viva o texto!!!!!!!!
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