quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Resposta à Fabrício Corsaletti


Na carteira de identidade aos poucos some o meu nome
e dentre dedos de mãos que se cumprimentam se vai a tinta do meu nome
suspeitei e por isso aos 5 anos pedi à minha mãe que mudasse meu nome
numa tentativa inútil de que o mundo guardasse o segredo do meu nome.
Acordo de noite porque ouço pessoas gritando meu nome
as notícias atribuem todas as catástrofes à indiferença do meu nome
e minha cabeça dói porque ressoa o eco do meu nome
e minha boca seca porque já não sinto o gosto do meu nome.
Na TV um programa decadente leva meu nome
estão prestes a beatificar uma mulher que realizou 3 milagres e carrega meu nome
no Vale do Jequitinhonha uma lavadeira, enquanto canta, lava meu nome.
Jamais adentrarei naquela lua ladrilhada com meu nome.
Eu não quero senha, boteco, feriado, tinta de parede, teleférico,
aeroporto, banca de revista, bronze lavrado com meu nome.

Quero apenas trilhar distraída o anonimato do meu próprio nome.

3 comentários:

Lucas disse...

GENIAL!!! Isso é reescrita ao contrário... sou seu fã. Você será a futura musa da poesia baiana. As estrelas estão a seu favor.

Jocevaldo Santiago disse...

Massa, que lido minha pretinha!!!

Jocevaldo Santiago disse...
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