Era uma vez o que não era ...Era uma vez às vezes...Era outra vez o que não se via...Era de uma vez ...Era sem vez...Era e não era...
sexta-feira, 22 de maio de 2009
A devoradora de traças
Alice tinha por edificação a dúvida.
Colecionava enigmas vulgares
(Qual o sabor das borboletas amarelas?)
Estendida sobre panos
cultivava pedras na praia e regava os pés.
Despia a solidão e beijava-lhe a boca
fazendo eco sobre as ondas.
Preferia amar o vento que lhe assanhava toda,
mexia-lhe as saias
e assobiava promiscuidades risonhas ao pé do ouvido.
As pontas dos dedos acariciavam canções
que ainda nem existiam.
Por vezes se imaginava nua entre as pessoas desapercebidas
e então dançava sozinha na calçada.
As vezes queria domar o mundo
que nem se pega bicho brabo nas unhas,
noutras ser levada como areia fina pela brisa.
Pensamentos enluarados enfeitavam seus sonhos.
Mas Alice era o cão!
Enfiava palitos nas bundas das formigas.
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