terça-feira, 11 de março de 2008

Lembranças Imaginadas


"Quando eu morrer
toca Idalina pra mim
toca Idalina pra mim
toca Idalina pra mim ..."


Tenho avidez por memórias descompassadas.
Agarro-as como os colares de licurí
que presos ao pescoço
adocicavam na infância
minha boca nas feiras de sábado.
O que vivi e o não-vivido
se insinuam numa obscenidade
de crianças que desejam se tocar.

Aquelas cascas de verduras jogadas
sobre as raízes da amendoeira
do jardim da frente.
O pé de alfazema
que se molhava a cada fim de tarde.
E eu que não entendia esses ritos.

O silêncio é uma forma de amar.
E eu que não entendo mais nada...
-Entender serve pra quê?
Sou quase mais feliz quando não entendo.
Como os homens que apontavam para as estrelas
sem saber direito o que eram de fato.

2 comentários:

tuiu disse...

Bom, muito bom ler de novo tuas palavras com cheiro de vida verde, terra molhada...
Tua cara e teu cheiro estampados no texto. =]
Não deixa de atualizar,ocá?

=*****

Anônimo disse...

lindo keka, muito lindo...